terça-feira, 20 de julho de 2010

O TRISTE FIM DE JOÃO HENRY

João Henry não tinha nada para fazer naquele dia e a tarde escorria feito manteiga derretida pelas vidraças da vida. João Henry não tinha nada para fazer naquele dia nem em qualquer outro dia. João Henry era um fodido-desocupado, um nerd cujo computador danificado encerrava miríades de possibilidades mais inteiras, mais belas do que aquela – Pobre aquarela – pensou João – Pobre aquarela essa que mais parece tinta derretida que a chuva pinta nas vidraças encardidas. Por uma fresta respingos minúsculos rebatiam ainda em capas de livros: Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas. João Henry soltou um demorado bocejo e sua boca ficou aberta, paralisada - à espera dos mosquitos.