ODE À PREGUIÇA
To à toa na jangada que desliza
Num deslize arrepiante – preguiçoso
Por parar em cada coisa vou cantando
Num bocejo que é quase suspirando
Longe, me afasto, me esqueço
Largo o corpo que tem sede de silêncio
No vai-e-vem da rede que se arrasta
Canso e já me deixo - é o que basta
Sem eira nem beira na esteira da vida
Na distância exata do vicio das coisas
O que tenho para dividir é o meu abraço
E o que faço por vontade é não querer mais nada
A estrada é tão comprida e eu tenho sono
Deito e noto o céu, como ele me olha
E durmo na tranqüilidade de estar sendo observado
E peço a Deus para não ser mais acordado
Antes das dez horas da manhã.