As obras do metrô são pura poesia
primeiro você espera pelo ronco do vigia
passa por uma viga de madeira meio solta que se desprendeu ao meio-dia
desce por uma escadinha galvanizada que mais parece a escada da Apolo XI
e pronto, teus pés tocam imediatamente a lua
uma areiazinha fina boa de tocar com o rosto
e mais embaixo, dentro de um imenso buraco
pequenas lascas de pedra empilhadas ao acaso
quem sabe empilhadas por operários-astronautas de dia
que nem suspeitavam pisar na lua
ou quem sabe em Marte
pois de dia devem ser ainda muito mais vermelhas
essa fina areia que de noite parece tão branquinha...
