Quem é que entende o mecanismo
na fuga do despreocupado?
a vida lhe seguia, sempre a mesma
passava tardes inteiras virando longos goles de cerveja
depois saia flutuando até encontrar o caminho da rua
de onde subia feito balão, girando e cantando, tonto de não querer mais nada
indo praquela imensidão sem fim
até que mais adiante virava uma luzinha mirrada e depois sumia
a gente toda da cidade olhava assustada com cara de final de novela
e não se falava em outra coisa durante decênios
até outro dia
e a vida, sempre a mesma - com vertigem total só por medo de altura
retesava-se toda ao lado da mesa
esperando que seu dono enfim aplainasse o espírito...