sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CÁRCERE PRIVADO

Um rapaz de 18 anos identificado como Fábio S. passou os últimos dois anos em cárcere privado na zona sul de São Paulo, ele era mantido pela namorada, Tatiana E. dentro de um quarto sem janelas, com uma corrente e uma bola de ferro no pé, tudo o que Fábio recebia de Tatiana eram punhados de alpiste que ela jogava por uma janelinha. Com o passar do tempo, Fábio conseguiu abrir uma pequena fissura na parede, de onde conversava com os vizinhos – Ele era conhecido de todos – disse uma mulher que preferiu não se identificar – Sentiremos muito a sua falta, conversávamos durante horas – contou um jovem da mesma idade, para a nossa equipe de reportagem. No último ano em que passou dentro do quarto, ramas de mato começaram a surgir, vindas do lado de fora, elas passavam através da pequena fissura que Fábio abrira na parede, meses depois, dezenas de melancias brotavam dentro do quarto e serviam de alimento e passatempo para o rapaz. Essas ramas trouxeram também alguns bichos, como taturanas e lagartas, que lhe faziam companhia, Fábio e esses pequenos insetos passaram a formar uma família, praticamente. O rapaz que teve de ser retirado do quarto para o alistamento militar obrigatório diz que não vê a hora de voltar para suas melancias – No quarto eu me sinto seguro e confortável, as pessoas são estranhas aqui fora – contou. Tatiana diz que fez tudo por amor e que agora, enquanto Fábio permanece no quartel, ela poda o mato e colhe as melancias maduras – Estou guardando cada uma delas dentro de um freezer para quando ele voltar – diz a moça, cujo passatempo predileto é andar de bicicleta ergométrica em frente à t.v.