quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A DESCRIÇÃO DE UM SONHO

No sonho eu estava aparentemente perdido dentro de um supermercado enorme, digo aparentemente porque embora eu não soubesse para qual direção seguir, meus passos e minha fala continham uma tranqüilidade espantosa e além do mais várias pessoas conhecidas cruzavam o meu caminho, devo dizer que na vida real desconheço qualquer uma dessas pessoas que encontrei naquele supermercado. Eu empurrava um carrinho e as prateleiras estavam todas cheias de remédios, na verdade cada fileira continha remédios para um tipo especifico de doença. Lembro de ter parado muito tempo na parte dos analgésicos e minha perna direito doía sobremaneira. As outras pessoas passavam com seus carrinhos e seus filhos sentados naqueles banquinhos dentro dos carrinhos, às vezes paravam, apanhavam um remédio qualquer e seguiam. Depois dos analgésicos fui parar no corredor dos tranqüilizantes, os naturais do lado direito e todos aqueles que eu já conhecia do lado esquerdo, apanhei duas caixas de Valium e joguei dentro do carrinho, elas quicaram em outras caixas de remédio que eu apanhara antes, meu carrinho estava até a boca de tudo quanto é tipo de remédio e de alguma forma, dentro desse sonho eu sentia que precisava mortalmente de cada um deles, então as duas caixinhas de Valium caíram no chão, penosamente abaixei e apanhei uma de cada vez, minhas mãos tremiam e as mãos de outras pessoas também, algumas simplesmente ficavam circulando para lá e para cá com suas cadeiras de rodas cintilantes entre as incontáveis fileiras de remédios. Encontrei um espaço no carrinho e empurrei as duas caixas naquela espécie de fresta, elas deslizaram e novamente ficaram caídas no chão, foi um sacrifício enorme, mas consegui me abaixar novamente e averiguar o que ocorrera dessa vez, na parte de baixo do carrinho havia pequenas frestas que eu não conseguia entender para o quê serviam e essas frestas eram maiores que as minúsculas caixinhas do tranqüilizante. Pensei em apanhar uma fita adesiva com algum funcionário do supermercado e tapar aquelas frestas todas de modo que os remédios não caíssem mais no chão, havia uma luz num canto que eu não sabia identificar se era na parte da frente ou nos fundos do estabelecimento, de qualquer forma, parecia distante demais, intuía que aquela luz continha alguma coisa divina, talvez um fabricante ou o químico responsável por alguma daquelas criações. Lembrei então que provavelmente era por isso que eu andava perdido entre aqueles corredores de remédios, eu já andara procurando por um funcionário antes, mas minha memória e meus reflexos andavam péssimos. Um fila de gente trôpega aguardava com suas caixas de tarjas pretas para o autografo de um renomado cientista europeu – foi o que eu encontrei. Nada da fita. Passei por um sujeito estranho que me encarou um pouco e então perguntou se eu não queria um pouco de massa autocolante, respondi que sim e ele pediu para que eu pagasse três caixas de antidepressivos para ele, entreguei as moedas e apanhei um pouco daquela massa cinzenta que ele dizia ser autocolante. Tentei de todas as formas, juro que tentei. Uma convulsão me apanhou antes que eu pudesse terminar, quando acordei estava numa cama branca com agulhas espetadas no braço, uma enfermeira com rosto de plástico veio tirar minha pressão – Bom dia – eu disse – Hay – ela respondeu e notei que de seus braços horríveis veias verdes e pretas saltavam como uma tatuagem grotesca. Adormeci.