(da série Histórias Curtas para Crianças Loucas)
Certa tarde num fabuloso entardecer de setembro, eis que nosso amigo Cético encontra sua amiga Cartomante em um café nos fundos de um supermercado às três e quatorze da madrugada em ponto:
- Olá, como vai aquele seu trabalho de charlatanice? Enganando muitos otários? – o Cético bondosamente perguntou.
- Olha aqui sua coisa estranha.... – a Cartomante foi logo respondendo, com um dedo apontado bem no olho de vidro do nosso amigo.
- Desculpa, é brincadeira – ele disse disfarçando o sorriso.
- Melhor assim, fico puta da vida quando tiram onda com o meu trabalho – ela falou de cabelo parafinado e tudo.
- É que tomei duzentos-emi-ele de suco gástrico agora mesmo naquele bar bem ali – o Cético apontou para uma fileira de caixas automáticas.
- Mas só estou vendo caixas automáticas ali – a Cartomante falou.
- É tudo o que os bancos têm a oferecer, suco gástrico borbulhante.
- O quê é isso na sua orelha – ela perguntou, muito intrigada.
- Deve ser suco gástrico.
- Como?
- Esquece. É um alfinete.
- E pra que serve um alfinete espetado na orelha?
- Misticismo.
- Já é meio tarde, tenho que ir andando – a Cartomante já tinha perdido a paciência.
- Por que não compra uma arma? – ele perguntou.
- Para quê iria me servir uma arma?
- Sei lá, talvez seja mais prático do que embaralhar cartas – então a Cartomante virou para o outro lado e começou a andar em direção ao estacionamento.
- Até logo – o Cético disse e foi para um caixa automático sacar a sua dose noturna de suco gástrico.
Moral da História: Não existe moral nenhuma, crianças. Mas fiquem espertas. Ou se existisse uma moral (que palavra!!!) seria mais ou menos essa: entre um cético e uma cartomante dentro de um supermercado, prefira sempre a garrafa de vinho.