- Quem você pensa que eu sou? – ela inquiriu, com a palma da mão estendida, pronta para me dar um tapa na cara.
- Não sei, talvez seja a rainha da Dinamarca – respondi, embora soubesse que ela era de fato a rainha.
- Tudo bem, mas isso não te dá o direito de me tratar dessa maneira – ela respondeu, parecendo mais calma.
E tudo porque eu havia empurrado o seu traseiro, aquele enorme traseiro, na hora em que ela tava subindo na carruagem, na verdade tinha sido apenas uma inocente tentativa de dar uma mãozinha, já que ela tinha uma dificuldade enorme para subir naquela joça. Devo dizer que eu era novo no emprego.
- Desculpe Chá – (era a rainha Chapéu de Bicho Morto) tínhamos intimidade suficiente do meu emprego anterior como copeiro da corte – Não vai voltar a acontecer – eu disse.
E seguimos assim, nesses jargões idiotas que as pessoas usam na falsidade cotidiana, que é multiplicada por mil quando se trata da falsidade imperial.
A rainha então piscou de soslaio, e eu entendi a dica.
Nos encontraríamos as onze da noite na torre, enquanto o rei dormia.
Depois de acertado o encontro, a rainha então estendeu a mão para que eu a ajudasse a subir na carruagem novamente, e quando ela já estava lá no alto, por um descuido repentino, empurrei novamente aquela bunda gigante para dentro do carro.
- Imbecil – ela gritou, puta da vida dessa vez.
- Desculpe Chá, não voltará a acontecer – eu disse. Então o cocheiro seguiu em direção ao jardim, bem ao lado da torre.