quarta-feira, 9 de abril de 2008

A BANDA

Certo extraterrestre (serzinho muito pequeno de tez levemente esverdeada) vindo até nosso planeta, encontrou um jovem (que estudava técnicas com a sua Fender Stratocaster) de nome e origem desconhecidos. Aprendeu com ele algumas notas de contrabaixo e decidiu formar uma banda. Mas seu jovem professor-estudante-estilo-Seattle-1992, estava ocupado demais para sonhos adolescentes, de forma que nosso pequeno (muito pequeno, eu disse?) heroizinho verde saiu em busca dos outros integrantes daquela que seria a maior banda entre todas as bandas que já existiram.
Viajou por centenas (ei – até mais que isso!) de lugares diferentes, mas foi à sombra de uma figueira que encontrou Siddhartha Gautama, o Buda, exímio guitarrista, entre tantas outras coisas. Pegaram o primeiro trem espacial à caminho do planeta azul novamente, onde Buda, ao chegar, apontou na direção de uma pequena ilha do Pacífico onde uns caras de camisas xadrez e coletes de tons claros andavam gravando um filme para Hollywood, lá vivia um gorila gigante, que batucava como ninguém, ele disse e foram até lá como uma dupla e voltaram como um trio (e arranjaram um cara fantasiado para fazer o papel do gorila – provavelmente).
Fizeram os primeiros ensaios embaixo de uma velha ponte de madeira em Aberdeen – Washington.
Depois de algumas sessões, perceberam que precisavam de um vocalista. Colocaram um anúncio no jornal da universidade estadual.

BANDA DE POLCA ROCK PROCURA VOCALISTA COM INFLUÊNCIAS DE HUSKER DU.

Na semana seguinte, Jones – o sapo, respondia aos jornalistas e fãs: - Eu tava de saco cheio de lagos e represas!

E foi assim que a maior banda de todas as bandas que já existiram foi formada. Capaz de inacreditáveis improvisos quase jazzísticos. Fizeram enorme sucesso, lançaram disco atrás de disco que se esgotavam em questão de minutos. Suas apresentações aconteciam nos maiores estádios do mundo e as rádios FM não tocavam outra coisa.
A banda não tinha um nome, pois eram os únicos, milhares de tietes e traficantes viviam nos seus pés, ostentavam carros e mansões para os programas da MTV. E como já era de se esperar, numa certa manhã de maio, Jones – o sapo foi encontrado no banheiro de um hotel holandês com uma agulha espetada no braço e nenhum sinal de vida, apesar de todo o esforço das equipes médicas. Jornais do mundo todo estamparam sua morte nas primeiras páginas. Seria o fim da banda? Todos se perguntavam.
Na semana seguinte o extraterrestre voou para Júpiter. Buda e o Gorila de doze metros de altura bem que tentaram continuar na estrada com uma atriz decadente dos anos 40 no vocal, mas o disco que lançaram foi um tremendo fiasco. Afinal de contas, a estrada estava bloqueada para eles, teriam que pagar pedágio se quisessem continuar, ou então arranjar boas maquiagens e penteados.
Buda caiu fora e o Gorila voltou para sua ilha.
E a tal atriz decadente ganhou um programa de auditório onde trabalha duas vezes por semana como apresentadora.